Letra de Os Índios Da Meia Praia
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Aldeia da meia praia
Ali mesmo ao pé de lagos Vou fazer-te uma cantiga Da melhor que sei e faço
De montegordo vieram Alguns por seu próprio pé Um chegou de bicicleta Outro foi de marcha à ré Quando os teus olhos tropeçam No voo de uma gaivota Em vez de peixe vê peças de oiro Caindo na lota Quem aqui vier morar Não traga mesa nem cama Com sete palmos de terra Se constrói uma cabana Tu trabalhas todo o ano
Na lota deixam-te nudo Chupam-te até ao tutano Levam-te o couro cabeludo Quem dera que a gente tenha De Agostinho a valentia Para alimentar a sanha De enganar a burguesia Adeus disse a Montegordo Nada o prende ao mal passado Mas nada o prende ao presente Se só ele é o enganado Oito mil horas contadas Laboraram a preceito Até que veio o primeiro Documento autenticado
Eram mulheres e crianças
Cada um com o seu tijolo
Isto aqui era uma orquestra
Quem diz o contrário é tolo
E se a má lingua não cessa Eu daqui vivo não saia
Pois nada apaga a pobreza Dos índios da Meia-Praia
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